A Atividade Prática Supervisionada do primeiro semestre deste ano foi vinculada à disciplina de Linguística, para realização deste trabalho foi-nos orientado criar um blog onde pudessemos expor e compartilhar conhecimentos.

Falaremos aqui sobre a lingüística histórica, e já de partida nos espreita o problema da sua definição exata, que não enfrentaremos. Aqui não tentaremos definir “o que é lingüística histórica”; mas sim compreender “o que tem sido a lingüística histórica” em diferentes contextos da reflexão sobre as línguas: qual tem sido seu objeto de reflexão, quais têm sido suas principais perguntas. A começar pelo problema do objeto de reflexão, vamos partir de uma delimitação inicial: consideremos que os estudos históricos sobre as línguas têm se ocupado da linguagem sob a chave do tempo. Mas conforme se conceba “linguagem”, e conforme se conceba o “tempo”, essa delimitação vai adquirir diferentes significados.
Assim vão se construir diferentes dinâmicas teóricas em torno de algumas perguntas centrais: “As línguas sofrem o efeito do tempo? Porque, e como? Como podemos
estudar esses efeitos?” Nesta exposição lembraremos alguns dos caminhos já percorridos na investigação dessas questões.
Nosso fio condutor será a abordagem da lingüística histórica como um campo de reflexão onde têm se articulado diferentes concepções de língua, e diferentes concepções de história. Um ponto específico dessa articulação precisa ser salientado: a contingência fundante do fazer histórico, que é a separação entre o tempo da análise e o tempo do objeto analisado. De fato: ao fazer a história das línguas, como ao fazer qualquer história, estamos abordando processos aos quais já não temos acesso direto. Essa impossibilidade dos métodos de “observação imediata” deixa duas alternativas principais aos estudos históricos: o recurso à documentação, e o recurso à reconstrução. Ao longo do tempo, diferentes abordagens históricas sobre as línguas enfatizaram a documentação, ou a reconstituição; na maior parte dos casos, buscaram-se combinar as duas esferas de análise. Essas diferentes respostas à contingência da separação entre o tempo do acontecimento e o tempo do conhecimento desenharam diferentes “Lingüísticas Históricas”.