Porque é que nos custa tanto a ler um texto da época medieval?
A razão de ser destas perguntas permite verificar que a língua portuguesa — e qualquer língua — apresenta diversas manifestações ao longo do tempo. Cabe à Linguística Histórica o estudo deste tipo de variação.
Estas mudanças nunca são bruscas, havendo geralmente um período de transição entre um estádio e outro.
As mudanças diacrónicas podem ocorrer:
— no som/pronúncia;
— na flexão e na derivação;
— nos padrões de estruturação da frase;
— ao nível dos significados;
— pela introdução de novas palavras (neologismos e estrangeirismos).
Factores de variação:
— internos à língua (pelo desaparecimento de oposições que não se revelem funcionais; pela prevalência do princípio da economia, que tende a eliminar redundâncias; pela introdução de novos elementos com a função de tornarem a comunicação clara/não ambígua);
— externos à língua (relativos a mudanças políticas e sociais, por exemplo, a criação de fronteiras políticas que é cumulativa à criação de fronteiras linguísticas).
Exemplos:
Em boa hora > embora
arbores> árvores
fidele> fiel
debere> dever
mense > mês
inter > entre
portucalense > português
super > sobre
luce> luz
clave>chave
conceptu > conceito